Na semana passada ao ler, na
Carta Capital, o artigo “A próxima crise”, escrito por Antonio Luiz C. M.
Costa, acabei por me recordar do economista britânico Thomas Robert Malthus, o
qual levantava a hipótese de que as populações humanas crescem em progressão geométrica e os meios de
subsistência poderiam crescer somente em progressão aritmética, sendo assim o mundo
passaria por uma crise de alimentos. Desta forma Malthus fez recomendações de
controle de natalidade e que não deveria ser dado aos pobres nenhum tipo de
assistência. O que não foi previsto pelo
economista foi a criação de tecnologias, métodos, que levariam ao aumento da
produção dos meios de subsistência minando a hipótese levantada.
Entretanto será que existe a
possibilidade de Malthus ter algum grau de acerto ao prever problemas alimentícios
como gerador de uma grande crise na humanidade?
No ano de 2012, os Estados Unidos
estão enfrentando a pior seca dos últimos 60 anos, tendo metade de seu
território incluído nas “áreas de desastre” agrícola, como foi apontado por
Antonio Costa. A seca nos EUA geraram prejuízos às safras de milho e soja, que
abastassem metade do comércio internacional, elevando os preços destes produtos
nas bolsas globais, que por sua vez impactaram nos preços das rações e carnes.
O EUA não são um caso
isolado, Rússia e Ucrânia foram
castigadas pelas altas temperaturas, enchentes e secas, neste ano as
exportações de trigo russo foram 25% menores. Na Índia e Tailândia as fortes
chuvas devastaram as plantações de arroz, gerando um aumento de 10% no preço
deste grão. Na África a forte seca ameaça a vida de mais de 30 milhões de
pessoas. No Brasil as fortes secas na região Sul prejudicaram as safras de
feijão, cana e soja. Como é colocado por Antonio Costa “em julho de 2012 os
preços mundiais médios de alimentos foram duas vezes superiores à média dos 15
anos de 1990 e 2004 e os de cereais, mas de duas vezes e meia”. O que nos
mostra a grave situação que começa a se formar durante a segunda década no
segundo milênio.
Para piorar a situação não se
trata de uma situação pontual. Climatologistas apontam que Estados Unidos,
México e Canadá estão sujeitos a passar por um desastre de longa duração, 100
anos ou mais. As secas devido ao aquecimento podem causar dados à qualidade do
solo e retroalimentar esse processo.
Para agravar ainda mais a alta do
preço dos alimentos entra em cena a especulação. Fundos de hedge adquirem em
massa opções de compra a preço fixo dos produtos mais suscetíveis a escassez e
assim colaboram para a subida dos preços, para então comprar ao preço antigo o
produto supervalorizado e revendê-lo com enormes lucros.
No gráfico da Organização das
Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) apresentado no início deste
texto, mostra os preços internacionais dos alimentos subiram drasticamente nos
últimos 10 anos. A média do FAO beira os 213 pontos atualmente, é importante
lembrar que diversos estudos sugerem que sempre que o índice de mantém acima
dos 210 pontos crises, revoltas e conflitos começam a surgir.
Será que estamos a beira de um
novo colapso global?
Frederico Matias Bacic
