Hicks nasceu na
Inglaterra. Suas obras impressionam pela quantidade e diversidade,
principalmente do meio econômico. Explorou a micro e macro, economia monetária,
internacional, keynesiana, teoria do equilíbrio geral (entre outros). Além
disso, suas obras tiveram grande influência, como por exemplo, o modelo IS-LM.
Para construir suas teses Hicks se
baseou em Keynes. Ambos descordavam das abordagens neoclássica, pois para
chegar ao equilíbrio teria um custo altíssimo, que consistia em eliminar da
teoria qualquer representação realista dos problemas colocados pela passagem do
tempo. Sendo assim, ambos realizaram uma análise dinâmica, levando em
consideração o tempo. Nesse sentido, Hicks se espelha na Teoria Geral de
Keynes, em que acredita que as decisões dos agentes são afetadas por suas
expectativas e que o futuro não é estacionário, mas sim desconhecido. Desse
modo, Hicks procura desenvolver uma teoria na qual os agentes deviam decidir,
no presente, tomando em conta um passado irrevogável e um futuro.
Além disso, tanto Hicks quanto
Keynes acreditam que a demanda por dinheiro desempenhavam um papel importante e
estava relacionada à insegurança em relação ao futuro.
Mesmo com esses objetivos
semelhantes, a abordagens dos dois foram um pouco distintas. Keynes, preocupado
com o desemprego, dizia que a economia capitalista era capaz de oscilar,
durante em certo tempo, em torno de um nível de emprego insuficiente para
incorporar a totalidade de mão de obra disponível. Já no modelo de Hicks,
apresentado em Valor e capital, a cada período de tempo, a economia atinge um
equilíbrio geral (porem temporário), no sentido de que se obtém igualdade entre
oferta e demanda em todos os mercados, inclusive no mercado de trabalho. No
inicio de um novo período, eventuais mudanças nas expectativas afetarão as
curvas de oferta e demanda, gerando um outro equilíbrio. Em sua teoria, não
leva em conta o desemprego involuntário.
Para Hicks, há duas formas de explicar
o excesso de oferta: como o resultado de uma decisão, da parte do ofertante, de
reter parte de sua mercadoria, deixando de vende – la no presente a preços mais
baixos, na expectativa de vende – la no futuro a preços mais compensadores; e
em segundo lugar, como o resultado de algum tipo de rigidez de preços.
Para Hicks, a Teoria Geral, é apenas
moderadamente inovadora. Sendo assim, para Hicks, Keynes inova ao utilizar o
método das expectativas e oferece algumas sugestões no sentido de torná-la mais
operacional, uma vez que alguns resultados obtidos dependiam da alocação de
hipóteses particulares. Este é o caso da abordagem da relação entre variações
da renda e da taxa de juros. Hicks atribui a Keynes uma ênfase indevida na
possibilidade de que um aumento no investimento resulte apenas em aumento do
consumo e da renda, sem qq impacto sobre os preços e sobre a taxa de juros.
Nesse sentido, em Keynes e os Clássicos, tomando o tema da relação entre renda
e juros como fio condutor, Hicks introduz um modelo de equilíbrio geral capaz,
segundo ele, de representar ao mesmo tempo as concepções clássicas e
keynesiana.
Para essa construção, Hicks supõe
salários nominais e preços dados. Com isso, a economia não poderia operar em
pleno emprego. Além disso, introduz que variações na oferta de moeda podem
afetar o nível de emprego. Nesse modelo, aumentos do investimento implicam
aumentos da taxa de juros.
Sendo assim, o modelo IS-LM
sintetiza os modelos clássico e keynesiano. Os resultados clássicos são obtidos
quando o nível de renda é elevado. Já os resultados keynesianos prevalecem
quando a economia opera a um baixo nível de atividade. E por esse motivo, Hicks
afirma que a teoria de Keynes, em lugar de ser geral, é apenas a Teórica
econômica da depressão.
O modelo IS-LM admite a
possibilidade de que a renda de equilíbrio seja inferior aquela consistente com
o pleno emprego. Porém, a exposição de Hicks é integralmente baseada na
hipótese arbitraria de salários e preços dados. Com isso, obscurece o fato de
que para Keynes o desemprego poderia ocorrer e despeito da flexibilidade dos
salários.
Ao longo de sua carreira, Hicks
ocupou-se da tensão entre tempo e equilíbrio, entre dinâmica e estática. Jamais
se sentiu satisfeito com as soluções propostas (tanto por ele quanto por outros
economistas). Porém mesmo não levando em conta as hipóteses ortodoxas e
heterodoxas (modelo não incorpora aspectos centrais da Teoria Geral), todos
pensadores admitem que é imprescindível ler Hicks.
