A recente alta do dólar pode ser um
pesadelo para quem tem viagem marcada para o exterior, mas, para muitas
empresas com receitas oriundas de exportações, pode não haver melhor notícia. O
câmbio é o principal fator para determinar a competitividade de um país frente
ao mundo. Sempre que uma moeda se desvaloriza, as empresas locais tendem a
produzir bens com preços mais competitivos em dólar. Já a conversão do dólar
para a moeda local costuma ser mais vantajosa, já que com as mesmas vendas é
possível gerar mais receitas.
Nessa linha de raciocínio, é possível
montar estratégias na Bolsa de Valores que permitam consideráveis ganhos, pelo
fato de grandes empresas serem beneficiadas por um ajuste. Atrás de oportunidades
de investimento na bolsa, os analistas do Deutsche Bank analisaram as empresas
que poderiam ser mais beneficiadas pela desvalorização do real. Os ganhadores
óbvios da oscilação cambial, segundo noticia publicada na revista Exame seriam
as empresas ligadas ao setor de commodities. O banco destacou Vale, CSN,
Usiminas, Fibria, Suzano, Cosan, SLC Agrícola e a BrasilAgro.
Contudo, o banco fez a ressalva de que
a alta do dólar está relacionada à crise financeira mundial e à saída de
recursos do Brasil em direção a mercados tidos como mais seguros, como os
Estados Unidos. Até o momento, os temores em relação à Europa não afetaram os
preços das commodities, mas isso poderá acontecer principalmente se houver
calote de algum país da região, o que atenuaria o efeito positivo da alta do
dólar.
Devido a esses riscos, os analistas em
entrevista a Exame sugerem de forma mais enfática o investimento em Cosan, já
que as ações de empresas do setor agrícola estariam menos sujeitas aos
desdobramentos da crise econômica mundial. Outra empresa destacada foi a
Gerdau, que seria mais beneficiada pela alta do dólar devido à forte presença
no mercado siderúrgico americano.
Já entre as empresas de bens
manufaturados, o único destaque citado pelo Deutsche Bank foi a Embraer. A fabricante
de aviões vive basicamente de exportações e seus balanços costumam melhorar nesses
momentos.
Para as empresas ligadas ao mercado
interno, o banco acredita que a alta do dólar não é uma notícia boa. Os
produtos importados ou com cotação internacional baseada na moeda americana
deverão ficar mais caros para os brasileiros, desestimulando o consumo.
Vale ressaltar que até agosto a moeda
americana já acumulava uma alta de 8,4%. Analistas acreditam que o dólar possa
dar um novo salto se a crise se agravar. No longo prazo, entretanto, haveria
poucos motivos para uma apreciação acentuada da moeda americana, uma vez que a
economia brasileira continua em um bom momento. Entretanto, o investidor deve
aproveitar estas oportunidade e lucrar com elas.
