Kalecki foi um economista polonês,
um dos pioneiros da crítica sistemática à doutrina do marginalismo. Ao mesmo
tempo e independente de Keynes, demonstrou a fragilidade do princípio do equilíbrio
automático da escola clássica e desenvolveu uma teoria da dinâmica capitalista
e dos seus ciclos de conjuntura e crise.
Em 1933, publicou, em uma
revista polonesa, o primeiro esboço de sua teoria “Próba-Teorri Koniunktury” ( “Esboço
de Uma Teoria do Ciclo Econômico”), trabalho apresentado no mesmo ano uma
conferência da Sociedade Internacional de Econometria na Holanda. Dois anos
depois o trabalho foi publicado na revista Revue
d’ Économie Politique e na revista norte-americana Econometrica. Era um dos primeiros modelos matemáticos construídos
para explicar os ciclos econômicos de conjuntura, mas não despertou a atenção
na época e foi completamente ofuscado, em 1936, pela publicação da Teoria Geral do Emprego do Juro e da
Moeda, de Keynes.
Kalecki akegava que o nível
de atividade econômica depende dos investimentos: se eles aumentarem, subirão
os níveis de atividade e emprego, haverá maior demanda por bens e também um
aumento no lucros dos capitalistas. A demanda agregada aumentará se o Estado
gastar mais do que arrecada e se o país conseguir exportar mais do que importa,
mas a decisão básica continuará mas mãos dos capitalistas: se eles investirem,
a produção e os lucros aumentarão até o ponto em que os lucros acumulados (a
poupança) sejam equivalentes ao investimento. Por sua vez, a insuficiência do
investimento em relação à poupança causa a contração da produção e a
subutilização da capacidade produtiva.
Para Kaleck, o mundo
capitalista e regido pelas decisões do empresária quanto a investir, pelo
Estado quanto ao equilíbrio orçamentário e pelo comércio internacional. Nesse sistema,
os ciclos de conjuntura são inevitáveis, mas a profundidade das crises e sua
duração dependem de decisões políticas, e não apenas das forças cegas do
mercado.
Frederico Matias Bacic
