Muitos estão dizendo que haverá uma grande greve e
manifestações marcada para o dia primeiro de Julho. Uma das reivindicações seria
que a passagem de ônibus passe de R$ 3,00 para R$ 2,85. O pensamento que faço é: de onde sairá este
dinheiro? "There is no free lunch", ou ameaçarão que o dinheiro para
a redução da tarifa sairá de obras em investimentos em infraestrutura,
educação, ou, saúde, ou com aumento dos tributos. Nesse caso resultaria em um
"jogo de soma zero", já que o que se ganhou com o barateamento dos
transportes, foi perdido com a queda dos investimentos em outros setores, o que resultaria em uma espécie
de "Ilusão Monetária", conceito criado pelo economista, o qual não
sou nada simpático, Milton Friedman, onde não correria um ganho real e todos
continuariam na mesma posição.
Por outro lado, os
manifestantes dirão “o dinheiro vai passar a estar disponível com a erradicação
da corrupção!". Francamente, não acredito que o fim da corrupção elevaria
o transporte público, saúde e educação brasileiros à patamares noruegueses.
Devemos sim exigir o fim da corrupção e um aumento da transparência nos gastos
públicos, fim de votos secretos em decisões políticas, fim de voto secreto nas
reuniões do COPOM, pois assim saberemos quem está realmente defendendo os nossos
interesses e poderíamos cobrar os políticos com maior eficácia.
Não adianta pedir o a redução das passagens se isso
acarretar em perdas em outras áreas importantes. Acredito que a população não
deva pedir apenas o resultado final (melhora da saúde, da segurança, transporte,
fim da corrupção), mas indicar por quais meios quer que o Estado atinja esses objetivos, para que os pedidos não resultem em “soma zero”.
Acredito que os três melhores pedidos a serem feitos seriam:
1) A renegociação das dívidas de estados e municípios junto
ao governo federal. Seguem dois exemplos do que quero dizer:
Há pouco tempo o governador do estado de São Paulo, Geraldo
Alckmin, declarou à imprensa que a dívida do estado junto à União era, em
1997, de R$ 46 bilhões. Da data apontada até o início de 2010 foram pagos R$
56,6 bilhões de juros e amortização e, mesmo com esse esforço, a dívida
estadual cresceu para R$ 145 bilhões.
O município de São Paulo encontra-se em situação
similar. A dívida da cidade negociada com o Governo Federal em 2000 era de 11,3
bilhões. Daquele ano até o começo de 2010 foram pagos 11,9 bilhões de reais,
todavia a dívida chegou a cerca de 40 bilhões de reais. O detalhe importante é que não foram tomados novos empréstimos.
Com a renegociação ou fim dessas dívidas sobrariam recursos
para o investimento, de estado e municípios, em escolas, hospitais, segurança.
2) Desindexação total dos do IPCA. Calcula-se que, com a
desindexação total da inflação, o IPCA seria reduzido em cerca de 30%, logo teríamos
uma inflação próxima a meta de 4,5% ao
ano.
3) Com a desindexação seria possível que a população
cobra-se uma política com juros menores,
possibilitando a retomada do crescimento econômico. O que reduziria o total de
juros pagos pelo Governo Federal a rentistas, que hoje beiram os 300 bilhões de
reais por ano, muito superiores aos R$ 30 bilhões usados para a realização da
Copa.
Frederico Matias Bacic
