Após barrar projetos que
determinavam que 10% do Orçamento da União deveriam ser destinados à saúde (atualmente são
investidos cerca de 6,5%), o Governo Federal parece estar articulando mais um duro golpe contra o sistema de saúde público.
O desmanche do Sistema Único
de Saúde vem sendo tratado pelo Governo Federal e empresas de planos saúdes
privados, sócios e investidores, que buscam de forma agressiva uma maior fatia
do mercado nacional.
No centro das discussões
está a criação dos planos de saúde populares, com preços baratos e coberturas pífias,
que almejam atender trabalhadores em ascensão, sobre tudo das classes C e D.
Apesar de ser negado pelo
ministro da Saúde, Alexandre Padilha, existe um pacote de medidas que visam dar
as operadoras (caso estimulem a criação das linhas populares) subsídios
fiscais, cancelamento de dívidas das empresas com o Governo Federal (situação
que afeta 59% das companhias deste setor), maior financiamento para melhoria da
infraestruturar hospitalar e a solução da dívida das Santas Casas. Em contra
partida o governo cobra a facilitação da entrada de novos usuários.
A proposta é uma extorsão.
Cidadãos e empregadores, além de contribuir com impostos, serão convocados a
pagar novamente por um serviço ruim, que julgam melhor que o oferecido pela
rede pública, a que todos têm direito. Em nome da limitada capacidade do SUS, o
que se propõe é transferir recursos públicos para fundos de investimentos
privados.
Os delírios do governo e
marqueteiros somados à ganância dos empresários, os planos de saúde populares
surgem como uma “miragem” aos olhos da nova classe média, o que poderia render
uma boa parcela de votos para as eleições do próximo ano.
Mas quando alcançarem esse “Oasis”
os novos usuários darão de cara com um
sistema que apresenta poucas coberturas, dificuldades para o agendamento de consultas e procedimentos, planos que são evitados pela maioria dos médicos, dada sua remuneração medíocre.
Não podemos permitir que interesses
de alguns políticos, financeiros fiquem acima do interesse de 190 milhões de
brasileiros. A saída encontrada pelo Governo Federal apenas faz com que o
problema da saúde seja empurrado com a barriga para a esfera privada, que em
troca receberá uma mercado de bilhões de reais e continuará sem garantir o
devido atendimento ao usuário.
A saúde, de acordo com nossa
constituição, é direito de todos e dever do Estado, cabe a nós cobrar para que esse
direito possa ser exercido e que o problema da saúde seja resolvido de forma
legitima: com investimentos em infraestrutura , equipamentos e contratação de
mais médicos.
Frederico Matias Bacic
