A Revista Exame divulgou ontem
uma reportagem que aborda o recorde de captação da tradicional caderneta de
poupança durante o ano de 2012. Segundo dados do Banco Central, a diferença de
depósitos e saques durante o ano foi de 49,719 bilhões. Depois de ler esta
reportagem fiquei me perguntando qual seria o motivo disso.
Para quem não sabe, o ano de 2012
foi marcado pelo fato do país atingir a menor taxa de juros da história do
Brasil. Se não bastasse isso, o rendimento da poupança foi modificada pelo
Governo, agora, a caderneta paga apenas 70% da Selic (taxa de juros referencial
do país), que no atual momento é de 7,25%a.a. Ou seja, no mesmo ano em que a
poupança atingiu a menor rentabilidade da história, ela obteve recorde de captação.
Hoje pela manhã, outra notícia me
chamou atenção. O jornal Valor Econômico divulgou uma reportagem que continha
dados sobre o retorno dos investimentos em aluguel feitos na cidade de São
Paulo e Rio de janeiro. O resultado é preocupante, já que nas duas capitais, o
retorno médio do aluguel é de 0,35% a.m, ante 0,50% a.m da poupança. Isso quer
dizer, que o preço do aluguel não está acompanhando a valorização dos imóveis.
Segundo a própria reportagem, a oferta de imóveis novos tende a aumentar de 20
a 30% nessas cidades durante 2013, próximo do aumento em 2012, que foi de 28%. Assim,
apesar da procura por imóveis ainda ser grande, esse fator pode causar uma
possível queda nos preços imóveis durante os próximos anos.
A rentabilidade apresentada dos dois
investimentos acima não supera sequer a inflação e o cenário não deve mudar tão
rápido, isso porque, os bancos estimam uma taxa de juros e uma inflação próxima
ao patamar atual no final de 2013. Antes de concluir minha reflexão, gostaria
de deixar claro que minha ideia não é criticar o modelo econômico atual (seja
ele bom ou ruim) e sim refletir sobre o porquê desses investimentos, a
princípio desvantajosos no cenário atual, serem os mais procurados. Em um
primeiro momento, eu poderia afirmar que a resposta é o fato de na teoria eles
serem os investimentos mais conservadores. Mas depois de pensar um pouco mais,
chego à conclusão de que a falta de uma cultura financeira seja responsável por
isso.
O brasileiro desconhece as opções
de investimentos existentes no mercado. Hoje existe uma infinidade de produtos,
como - títulos públicos, fundos de renda fixa, fundos imobiliários – que são
boas alternativas aos tradicionais produtos, por terem boas rentabilidades,
liquidez e independerem de sua idade ou volume financeiro. Fato que comprova
minha linha de raciocínio é a quantidade de investidores presentes nesses
produtos “mais avançados”.
O mercado de ações, por exemplo,
atinge apenas 0,3% da população brasileira, sendo que hoje é uma das
alternativas mais rentáveis, desde que haja um bom acompanhamento desse
investimento. Em mercados mais desenvolvidos, como o dos Estados Unidos, mais
de 50% da população utiliza desse produto, inclusive quando se trata de
aposentadoria. Já os fundos imobiliários, muito falados no segundo semestre
pela captação recorde do fundo de agências do Banco do Brasil, possui apenas
90.000 “cpfs cadastrados” para investir. Para quem ainda investe na poupança ou
confia plenamente nos imóveis, recomendo que procure uma assessoria financeira
para saber mais sobre investimentos.
