O mercado de capitais forma um sistema no qual ocorre a distribuição de
valores mobiliários, que tem como objetivo a criação de liquidez aos títulos
emitidos pelas empresas e viabilizar o processo de capitalização destas. Este sistema é composto pela bolsa de valores,
sociedades corretoras e outras instituições financeiras devidamente
autorizadas.
Neste mercado, os principais títulos negociados são as ações e as
debêntures (é importante frisar que estes não são os únicos títulos negociados
no mercado de capitais), sendo assim, ocorre a circulação do capital, que é
utilizado para custear o desenvolvimento econômico e crescimento destas
empresas.
O mercado de capitais promove a conexão entre o montante poupado por
determinada parcelada da sociedade e o investimento das empresas. Em outras
palavras o mercado de capitais canaliza o dinheiro aplicado pelos investidores
para o investimento produtivo. Sendo assim, o mercado de capitais possui um
papel de grande importância no desenvolvimento econômico, pois aumenta a
capacidade de capitação de recursos e realização de investimentos nas empresas,
melhorando, também, os níveis de emprego e renda da sociedade.
Em um país como o Brasil, onde o crédito de longo prazo é escasso e
praticamente realizado apenas pelos bancos públicos, o mercado de capitais tem
um papel importante, pois abre uma alternativa para o financiamento dos
investimentos das empresas. É claro que para que esse mercado deve ser
devidamente monitorado e regulado, para que sejam evitadas operações que
coloquem em “xeque” essa estrutura e consequentemente o desenvolvimento
econômico.
No Brasil a participação dos investidores, pessoa física, na Bolsa de
Valores ainda é pequena, representando uma minúscula fração da população total.
Além disso, a participação destes investidores está concentrada em apenas dois
estados: São Paulo e Rio de Janeiro. Juntos estes estados concentram mais de
200 mil investidores, atingindo 62% de participação, enquanto que o resto do
país abriga pouco mais de 123 mil investidores[1].
Situação muito divergente da encontrada nos Estados Unidos, onde cerca de
metade da população adulta investe no mercado de ações.
De acordo com os jornalistas Graziella Valenti e Fernando
Torres, do jornal Valor Econômico, “entre
2004 a 2009, os recursos captados
no mercado de capitais representavam, em média, 1,8% do Produto
Interno Bruto (PIB). Para que a economia mostre crescimento entre 4,5% e 5,5%,
de 2010 a 2013, esse percentual terá de subir para intervalo entre 3,5% e 5,5%,
mantida a participação histórica das demais fontes de financiamento ao
investimento”.
É importante lembrar que quando comparada com economias desenvolvidas o
número de empresas que estão listadas na bolsa de valores brasileira ainda é
muito pequeno. Das cerca de 500 empresas brasileiras de capital aberto no Brasil,
apenas 100 negociam com frequência no mercado de capitais.
Tanto pela falta da participação popular e das empresas, neste mercado,
quanto pela baixa representatividade perante o PIB é possível observar que
ainda existe um grande espaço para o desenvolvimento e crescimento do mercado
de capitais no Brasil, quando comparado a economias com maior grau de
desenvolvimento.
Precisa-se criar no Brasil uma cultura de investimento no mercado de
capitais, tanto pela óptica das empresas quanto da população em geral. Por
muitos anos viu-se no Brasil ganhos extraordinários, que atingiram até 40% ao
ano, com o investimento em renda fixa.
Com o passar dos anos este cenário vem apresentando mudanças. A atual
política monetária de redução da taxa básica de juros - SELIC, que afetou o
rendimento da poupança, onde o rendimento passou a ser 70% da SELIC mais a T.R
(isto quando a taxa básica de juros e igual ou inferior a 8% a.a) forçará,
acredito que não em curto prazo, uma mudança no perfil das aplicações
realizadas pela população brasileira, que terá que buscar novas alternativas de
investimento para ganharem melhores rendimentos e para a manutenção do valor de
suas reservas ao longo do tempo.
Além do investimento e incentivo à educação financeira é preciso
desmitificar o pensamento dominantes que o investimento na em títulos
negociados na bolsa de valores é restrito apenas a uma pequena parcela rica da
população. A popularização das aplicações no mercado financeiro acarretará em
um crescimento no mercado de capitais brasileiro e aumento do funding. Isto será de grande
importância para o financiamento de investimentos empresarias e manutenção da
riqueza da população e, por sua vez, para a manutenção do crescimento
econômico.
Frederico Matias Bacic
Bibliografia
CARVALHO, DÉBORA -Bolsa de valores - A resistência das empresas - Ainda
é pequeno número de empresas de capital aberto – IPEA – Desafios do
Desenvolvimento
O Mercado de Capitais: Sua importância para o desenvolvimento e os
entraves que se defronta no Brasil – Tendências Consultoria (Material BOVESPA)
MELLAGI FILHO, A. Mercado Financeiro e de Capitais: Uma introdução –
Editora Atlas -1994
