Em
julho e agosto deste ano, atletas de todo o mundo estarão reunidos em Londres
para competir no mais importante evento esportivo de nosso tempo. Assim como na
olimpíadas de Pequim em 2008, a batalha por medalhas de ouro entre os EUA e a
China promete ser bastante acirrada. Para o mais popular dos esportes, no
entanto, ambos os países não levarão suas equipes. No caso da China, alias, o
futebol ainda esta longe de atingir o potencial de um país com mais de um
bilhão de pessoas.
A
Chinese Super League, que teve início no ano de 2004, atualmente conta com a
participação de dezesseis times e, como era de se esperar, grande parte destes
times estão localizados na região costeira. Dentre todos os times, o destaque
fica para o Guangzhou Evergrade, time de Darío Conca e Muriqui, e o Shanghai
Shenghua onde jogam Didier Drogba e Nicolas Anelka.
Para
custear esses atletas, clubes chineses contam com uma associação entre empresas
(muitas vezes estatais) e times de futebol em um tipo de acordo pouco comum no
futebol brasileiro. Por exemplo, um dos times mais populares da China, o
Beijing Guoan pertence ao conglomerado financeiro CITIC Group. Da mesma forma,
a incorporadora imobiliária Evergrade Real Estate Group adquiriu o time mais popular
de Guangzhou e mudou o nome da equipe de Gangzhou Football para Guangzhou
Evergrade. Deixando as polêmicas de
lado, o fato é que esse modelo de administração garantiu que o desenvolvimento
econômico da China fosse acompanhado de uma incrível expansão do esporte
bretão.
Esta
expansão, no entanto, ainda apresenta diversas lacunas. E a mais evidente delas
é o baixo nível técnico da seleção nacional. Em sua única participação em Copas
do Mundo, a China foi eliminada na primeira fase depois de uma campanha
bastante fraca que, por sinal, inclui a derrota por quatro gols de diferença
contra o Brasil. O problema toma proporções ainda maiores quando a seleção
chinesa é comparada com as seleções vizinhas, Coreia do Sul e Japão.
Ainda
mais importante, o campeonato nacional chinês é constantemente notícia nas
páginas policias. No mês passado, dois ex-presidentes da Associação Chinesa de
Futebol foram presos por envolvimento em um esquema de propinas. Além disso,
diversos jogadores estão sendo investigados pelos mesmos motivos. E este é
apenas um dos muitos casos de polícia envolvendo futebol profissional na China.
Em
suma, a conclusão mais óbvia é que o crescimento da economia chinesa provocou
uma espécie de bolha onde clubes faturam alto e contratam grandes jogadores.
Porém, não são capazes de promover o desenvolvimento de novos talentos. Em
geral, chineses citam o sistema de ensino, a falta de campos e a ênfase em
esportes individuais como as principais causas para a escassez de talentos.
O
mais curioso de toda essa história é que, como já é notório, chineses gostam de
receber os créditos de toda e qualquer coisa que foi inventada nos últimos
cinco mil anos. E o futebol não escapa desta tradição. Chineses acreditam de
corpo e alma que o esporte que, atualmente, conhecemos como futebol nada mais é
do que uma versão moderno do Cuju, jogo que surgiu há mais de dois mil anos
atrás. Verdade ou não, a FIFA reconhece o esporte como uma versão precoce do
futebol.
João Ricardo Trevisan de Souza
