No último domingo, foi publicada,
no jornal Estado de São Paulo, uma matéria com o seguinte título: “14,1 milhões
de famílias já comprometem um terço da renda mensal só com dívidas”, escrita
por Raquel Landim e Márcia de Chiara. De
acordo com da consultoria MB Associados, realizada com base na Pesquisa de
Orçamento das Famílias (POF), um quarto das famílias brasileiras se envidou
mais do que deveria e foram obrigadas a reduzir o padrão de vida ou atrasar
alguns pagamentos.
De acordo com a POF 70% do
orçamento é destinado para despesas básicas, como por exemplo, comida,
habitação ou saúde, ao comprometer 30% do orçamento com dívidas a situação das
famílias se complica, já que o orçamento familiar torna-se demasiadamente justo. A pesquisa
também revelou que as classes menos favorecidas são as mais afetadas pelo
superendividamento: 5,8 milhões estão na classe C e 6,6 milhões nas classes D e
E.
Na média nacional o
brasileiro comprometeu 26,2% da renda mensal com dívidas. Logo o estudo revela
que esse valor é superior à média de 22% estimulada pelo Banco Central, pois
inclui gastos com crediário de loja sem parceria com banco e despesa à vista no cartão de crédito.
O estudo sugere que as
medidas de aumento do consumo, tomadas pelo governo federal, via expansão do
crédito e redução das taxas de juros não conseguirão atingir seu objetivo, pois
será contida pelo nível de endividamento
e aumento da inadimplência.
Atualmente eu participo do
Programa de Autonomia Financeira (PROAF) realizado pelo Grupo Gestor de
Benefícios Sociais (GGBS) da UNICAMP. O que pude notar participando deste
programa é que muitas famílias acabam caindo em situações de endividamento
perigosas por dois motivos básicos: a falta de planejamento das despesas e
falta de compromisso familiar. A melhor maneira para envidar dívidas
descontroladas é planejar o gasto, decidir como o dinheiro será usado antes de
ser recebido. Com o planejamento financeiro e os gastos já direcionados às questões prioritárias é mais difícil perder
o foco e ceder aos impulsos. O compromisso e conscientização de toda a família também são essenciais.
Frederico Matias Bacic
