Hoje li uma reportagem interessante
no jornal Valor Econômico, que explica a instabilidade vivida nos mercados nos
últimos dias. A melhora dos dados na atividade industrial nos EUA e na China
esta semana fez com que as bolsas americanas atingissem picos anteriores à
crise, na terça-feira. Porém, a frustração renovada com a Europa e com os dados
de emprego nos EUA inverteram os sinais dos ativos. Embates políticos nos
parlamentos, em instituições como o FMI e G-20, eleições, decisões de política
monetária mundo afora, tensões sociais na zona do euro são embaladas no mesmo
pacote dos indicadores econômicos, que apontam trajetórias obscuras para o
futuro no curto prazo. Nada mudou substancialmente nos EUA e na China. O que se
vê é um cenário de recuperação moderada, em linha com o traçado pelo Fed. Na
China, o receio de um "hard landing" para a economia em 2012 domina
as análises dos especialistas. E o números da indústria para esses dois países
foram, de fato, bons.
O ISM americano subiu de 53,4 para
54,8 entre março e abril, o maior nível desde junho de 2011, traçando movimento
contrário ao esperado (53,0). A configuração dos componentes foi positiva, com
crescimento da demanda fabril interna e externa: as novas encomendas avançaram
expressivos 3,7 pontos, para 58,2, o mais alto dos últimos 12 meses, e o
indicador de exportações foi de 54,0 para 59,0. Também avançaram o emprego (de
56,1 para 57,3) e a produção (de 58,3 para 61,0), um bom sinal para a indústria
nos próximos meses. Na China, o PMI oficial subiu a 53,3, o quinto mês
consecutivo acima de 50,0 e o nível mais elevado em um ano.
O indicador medido pelo HSBC /Markit
mostrou movimento similar, mas ainda está abaixo de 50,0 (49,3), o que indica
contração da atividade. Diferenças metodológicas à parte, os dados chineses
fazem crer que o pior momento da economia ficou para trás e que a meta de 7,5%
do governo deverá ser batida. Enquanto isso, na Europa, depois de um 1º de maio
que levou às ruas uma população aflita, as notícias foram as piores possíveis
no dia seguinte. O PMI da zona do euro caiu para o menor nível em três anos
(45,9), com retração na Alemanha (de 48,4 para 46,2), que vinha sendo o parque
industrial mais resiliente da zona do euro. Também caíram os PMI da França (46,9)
e da Itália (43,8), em ritmo mais forte do que se previa. Além disso, a taxa de
desemprego na região atingiu 10,9% em março, mês em que foram perdidos 169 mil
postos de trabalho. Já são 17,4 milhões de pessoas sem trabalho na região, um
recorde não visto desde abril de 1997. Segundo o relatório anual da OMT
divulgado no fim de abril, apenas 10 das 27 economias da União Europeia
conseguiram reduzir as taxas de desemprego desde 2008. O Reino Unido não escapa
desse cenário. A forte queda nas encomendas de exportação puxou para baixo o
PMI de abril, que já resvala o nível de 50,0 (50,5).
Tudo somado, resta a constatação de
que os desafios das autoridades monetárias só crescem no mundo, na Europa em
particular. Até quando os países vão suportar tamanha contração e até quando os
bancos centrais vão poder expandir seus balanços, são dúvidas que não querem se
calar.
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