SÃO PAULO - As taxas dos contratos de juros futuros devolveram a alta registrada no começo da sessão e fecharam a segunda-feira rondando a estabilidade. Com isso, segue válida a ideia de que o Banco Central (BC) pode acelerar o ritmo de corte da Selic, atualmente fixada em 10,50% ao ano.
Em pauta, declarações do assessor especial da
presidência, Marco Aurélio Garcia, que falou sobre corte moderado de juros pelo
Comitê de Política Monetária (Copom). “Vai ter mais uma reunião do Copom [dias
6 e 7], na qual vamos ter uma queda moderada dos juros, mas uma queda. Esse
caminho já está definitivamente definido que é a baixa da taxa de juros, e é
exitoso porque não tem efeitos inflacionários”, completou Garcia.
A presidente Dilma Rousseff desautorizou os comentários de Garcia. “No
meu governo quem fala sobre taxa de juro é o Banco Central, é Alexandre
Tombini. Nem eu nem ninguém tem autorização para falar sobre juros",
afirmou a presidente. Dilma e Garcia estão na Alemanha.
Segundo um estrategista, a fala no
assessor, mesmo que posteriormente desautorizada pela presidente, acalmou as
apostas de um corte maior do que meio ponto percentual durante o início da
sessão. No entanto, a tendência para baixo dos Depósitos Interfinanceiros (DIs)
acabou prevalecendo no fim do dia.
Ainda de acordo com esse
especialista, apostar no corte de 0,75 ponto percentual é algo natural em
função da relação risco/retorno favorável, ainda mais se o investidor levar em
conta que apostar no meio ponto não gera ganho algum.
“No entanto, o mercado exagerou um
pouco nessa aposta”, diz o estrategista.
Na visão do especialista, se estamos
mais próximos do fim do que do começo do ciclo, não faria muito sentido apostar
em uma aceleração no ritmo de corte agora. “Geralmente, os bancos centrais não
apertam o passo de corte para logo depois encerrar o ciclo. A opção,
geralmente, é pela ação gradual”, pondera.
Olhando para a curva, mesmo com
alguns contratos curtos subindo levemente, a sugestão é de corte maior que meio
ponto no encontro de quarta-feira do Copom. Pelas contas da Investcerto, nesse
momento, a Selic projetada estaria em 9,8% (veja aqui a metodologia de cálculo).
Antes da decisão do Copom, que sai na noite de quarta-feira, os
investidores conhecem o Produto Interno Bruto (PIB) fechado para o ano de 2011.
A previsão de crescimento está ao redor de 2,8%. Também na terça-feira é
divulgada a produção industrial de janeiro.
Antes do ajuste final de posições na BM&F, o contrato de DI com
vencimento em abril de 2012 registrava alta de 0,02 ponto percentual, a 9,77%.
Maio de 2012 ganhava 0,01 ponto, a 9,64%. E julho 2012 marcava 9,32%, perda de
0,01 ponto.
Entre os longos, janeiro de 2013 operava estável a 9,02%, depois de
subir a 9,10%. Janeiro 2014 caía 0,01 ponto, a 9,59%. Janeiro 2015 perdia 0,02
ponto, a 10,16%. Janeiro 2016 recuava 0,02 ponto, a 10,54%. Janeiro 2017 se
desvalorizava 0,05 ponto, a 10,73%. E janeiro de 2021 projetava 11,21%, baixa
de 0,03 ponto.
Até as 16h15, antes do ajuste final de posições, foram negociados
1.259.618 contratos, com giro financeiro de R$ 117,82 bilhões (US$ 68,05
bilhões), metade do registado no pregão anterior. O vencimento mais líquido do
dia foi o janeiro de 2013, com 284.645 contratos negociados e giro de R$ 26,49
bilhões (US$ 15,30 bilhões).
Na agenda de indicadores, o Focus mostrou nova piora no prognóstico de
inflação para 2013. A mediana para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo
(IPCA) subiu de 5,11% para 5,20%. Para este ano, a previsão seguiu em 5,24%.A visão para a taxa Selic não se alterou, sendo 9,5% para o fim do ano e
10,50% para o encerramento de 2013.
Dentro do Top Five, grupo que mais acerta, o IPCA do ano cedeu de 5,18%
para 5,12%. Para 2013, a mediana permaneceu em 5,02%. Para a Selic, os
prognósticos seguiram em 9,50% e 9,75% para 2012 e 2013, respectivamente.
(Eduardo Campos | Valor)
