Os investidores que aceitaram correr mais risco aplicando parte dos
recursos destinados à aposentadoria em ações de 2001 para cá saíram ganhando. Levantamento
da consultoria NetQuant em parceria com a Towers Watson, realizado a pedido do jornal
Valor Econômico, sobre o desempenho dos fundos de previdência privada aberta,
mostra que as carteiras de renda fixa apresentaram ganho médio de 240,3%. Sendo
que, o CDI (referencial da renda fixa), acumulou uma variação positiva de
299,4% no período. Porém, os fundos que possuem 49% de renda variável (limite
máximo de alocação permitido pela legislação) foram os mais rentáveis nos últimos
dez anos. Esses portfólios acumularam retorno médio de 263%, superior ao dos
fundos de renda fixa. No mesmo período, a inflação medida pelo IPCA acumulou
88,69%. O momento atual, de queda da bolsa pode ser uma oportunidade para os
investidores ampliarem a participação de renda variável na carteira de
previdência.
No período de dez anos encerrado em agosto deste ano, o Ibovespa
passou de 12.840 pontos para 56.495 pontos. Isso incluindo os fracos
desempenhos, como em 2002, com o temor dos investidores com a eleição do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e em 2008, com o estouro da crise
financeira mundial. Essa não é a única vantagem da renda variável. As carteiras
de renda fixa renderam em média 1,60% ao ano abaixo do CDI. Parte dessa
diferença é explicada pela cobrança de altas taxas de administração no segmento
de varejo, afirma Marcelo Nazareth, sócio-diretor da NetQuant. "Por isso,
é importante prestar atenção nas taxas de administração dos fundos, pois no
longo prazo elas podem comprometer o rendimento", reforça Mello, da
SulAmérica. Além disso, o resultado também reflete uma gestão mais passiva (que
seguem determinados índices ou referenciais) das carteiras, que eram muito
concentradas em papéis pós-fixados atrelados à taxa Selic, que beirava 19% ao
ano em agosto de 2001. Com a queda da Selic, hoje rondando por volta de 12% ao
ano e em tendência de queda, as taxas de administração passaram a ter um peso
maior no retorno dos fundos, e os gestores tiveram que adotar uma estratégia
mais ativa.
Para analistas, a
alocação em ações faz sentido principalmente para os fundos de previdência conhecidos
como ciclo de vida, em que o perfil das aplicações vai variando de acordo com o
tempo e o horizonte de prazo de investimento de cada cliente. E como nos
últimos meses a bolsa vem em uma trajetória de queda, está propícia para
compras. Empresas que pagam bons dividendos podem ser uma ótima oportunidade
para o longo prazo. Apenas a remuneração do dividendo pode render acima do
desempenho da renda fixa.
