Atualmente escutamos muito sobre o livre comércio e a livre iniciativa. Essas são palavras chave,, o código para o capitalismo desregulado atual, idéia de que o capitalismo pode funcionar para o benefício de todos numa sociedade, contanto que não seja dificultado pela regulamentos governamentais. Os defensores dessa idéia dizem que quanto mais dinheiro os capitalistas fazem, mais empregos serão criados e melhor todos fora na sociedade será.
Vejamos essa citação de Marx sobre o livre comércio: “O sistema de livre comércio é destrutivo. Rompe velhas nacionalidades e empurra o antagonismo do proletariado e da burguesia ao ponto extremo. Em uma palavra, o sistema de livre comércio se apressa a revolução social. É neste sentido revolucionário sozinho, senhores, que eu voto a favor do livre comércio”.
Marx era a favor do livre comércio, ou o capitalismo desregulado, porque sabia que tal sistema era semear as sementes da sua própria destruição. Um capitalismo desregulado inevitavelmente resultará na morte do capitalismo (concentrando-se muito da riqueza total nas mãos de algumas pessoas que iria matar a demanda).
Os ricos e as corporações deixaram-se levar pela ganância de acumular cada vez maiores piscinas de dinheiro e ficaram cegos para a realidade. A realidade é que os capitalistas não criam empregos. A Demanda por produtos e serviços é o que cria postos de trabalho. Quanto maior for à concentração e acumulação de riqueza nas mãos de poucos, maior será o estrangulamento da demanda e do consumo acarretando no fim da criação de empregos.
Agora vocês devem estar se perguntando, se o capitalismo desregulado é suicida como tem o nosso sistema sobrevivido por tanto tempo? A resposta é graças a regulamentação. Regulamentação esta que controla os excessos do sistema capitalista e garante a redistribuição da renda para outros setores da sociedade. Esta redistribuição de renda permite a sobrevivência da demanda dando fôlego ao sistema, evitando que o capitalismo se afogue no próprio sucesso.
Infelizmente deste o começo da década de 80, quando, novamente, o discurso neoliberal de Estado mínimo, volta a ganhar espaço nas mesas de intelectuais, universidades e a mídia, a economia vem sendo refém da desregulamentação econômica. Certamente vamos nos deparar, nessa década, com a mais grave crise que o sistema capitalista se deparou em sua história.
Desta vez estamos com a maioria dos Estados com alto grau de endividamento, não tendo mais margem para implementar políticas de cunho Keynesiano e manter o clico econômico, de forma a eliminar as incertezas no mercado. Somasse a isso novas questões, como questões ligadas ao meio ambiente e da escassez dos recursos naturais chave para o funcionamento da economia e vida em sociedade tais como as conhecemos hoje. Além disso, os governos mundiais e o sistema produtivo estão de joelhos perante o mercado financeiro. Um sistema que apenas visa o lucro do dinheiro gerando mais dinheiro e se porta como um individuo extremamente agressivo, mimado e portador de um grave distúrbio de bipolaridade. Sinceramente tenho medo do que esta por vir.
Frederico Matias Bacic
