Estava navegando por blogs e sites de economia quando me deparei com a seguinte notícia: “Para combater inflação, China mira controle fiscal” para maiores informações acesse o link (http://economia.estadao.com.br/noticias/economia+internacional,para-combater-inflacao-china-mira-controle-fiscal,57781,0.htm ).
Ao ler a noticia fiquei surpreso pelo fato da postura do Governo chinês ser totalmente distinta do brasileiro quando o assunto é inflação. O texto trazia as seguintes informações, “A China cortará impostos de importação, dará subsídios aos pobres e aumentará o estímulo à produção de alimentos, disse na segunda-feira o ministro das Finanças chinês, Xie Xuren, indicando como o governo planeja empregar sua vasta riqueza para refrear a inflação”, (...),”Enquanto o banco central passou a uma política monetária mais apertada, o Ministério das Finanças foi incumbido de implementar uma política fiscal proativa, algo que se refere a gastos para estímulo - o que normalmente aumentaria a pressão sobre os preços”, (...),"Também vamos melhorar ainda mais o sistema de segurança social, aumentando os subsídios às famílias pobres em áreas urbanas e rurais para garantir que a vida delas não seja afetada pela alta de preços" e por fim “Chen disse que não havia razão para que a moeda se valorizasse” (muitos vão dizer: “Ah! A China mantém a moeda artificialmente desvalorizada e prejudica o resto do mundo, para mim certa a China que faz de tudo para defender seus interesses, diferente de nós que nós ajoelhamos às orientações de outros países, ao ponto de muitas vezes parecer que não temos interesse algum).
Por que lá a inflação não estoura utilizando esse tipo de política? Na notícia são apontadas diversas medias para o combate da alta dos preços, mas não citam em nenhum momento o aumento dos juros ou valorização da moeda, coisas que seriam de praxe no Brasil. Isso me deixa um tanto nervoso, parece que apenas o Brasil é comandado por economistas monetaristas ferrenhos que enxergam apenas uma maneira de combater a inflação. Os juros!
Isso me traz sempre as mesmas perguntas: Por que aqui não se fala em aumentar a produção de Bens de Capital; aumentar a Formação Bruta de Capital Fixo, em criar financiamento de longo prazo para pesquisa, desenvolvimento, tecnologia e indústria, garantindo assim que a oferta se mantenha a frente da demanda evitando pressões inflacionárias? Por que Banco do Brasil (atualmente o segundo maior banco nacional) em vez de estimular o desenvolvimento cobrando juros baixos com um bom prazo para o pagamento da dívida e estimular a concorrência bancária se porta como um banco privado que visa apenas o lucro e não a sociedade?
Estava vendo o histórico de inflação dos EUA, China e alguns países europeus nos últimos 6 anos (fonte dos dados: http://www.indexmundi.com/g/g.aspx?v=71&c=us&l=pt ), então veio a surpresa. Todos os países que comparei têm taxas de inflação inferiores ao Brasil, até mesmo a China! Com seu crescimento de quase 10% ao ano. E, ainda mais surpreendente, todos têm juros muito menores que os brasileiros! Então veio a revolta: POR QUE ELES CONSEGUEM MANTER A INFLAÇÃO DE OUTRAS MANEIRAS E NÓS NÃO? Será que não se percebe que existe algo errado aqui, não conseguem pensar além de juros e câmbio? Temos a mais alta taxa de juros do mundo e mesmo assim a inflação permanece com um problema para os economistas. Acredito que corremos o risco de não controlar a inflação e ainda acabar com o que resta no país com essa combinação venenosa de juros altos e câmbio valorizado.
O aumento dos juros funciona para combater a elevação dos preços, mas afeta a economia como um todo; combate os sintomas da inflação (alta do preço), mas não sua causa. Por que não se identificam as causas da inflação e aplica-se uma política especifica para cada problema? Ao em invés de usar sempre o juro que é extremamente agressivo e atinge a economia de maneira geral, tanto os setores inflacionistas quantos os que não estão gerando inflação. Para mais informações sobre esse método de combate a inflação leiam o artigo de João Sicsú , Políticas Não-Monetárias de Controle da Inflação: uma proposta pós-keynesiana. Acesse o link e leia o artigo completo:
Falar de política econômica no Brasil é triste, desmotivador... é sempre a mesma coisa... Esse pessoal do Bando Central deve no mínimo comprar títulos da divida pública e manter relações promiscuas com diretores de bancos e membros do mercado financeiro. Não vejo outra explicação para o uso desta política obcecada pelo juro como única ferramenta econômica existente para o combate à inflação.
Para piorar, o debate público aqui é muito manipulado. Não existe um debate aberto. Quando uma emissora de televisão (sobre tudo a Rede Globo com a dupla Mirian Leitão e George Vidor) chama um economista de visão divergente ao status quo não param de questioná-lo e o ridicularizar descaradamente! Se for um economista ortodoxo os apresentadores apenas concordam, sem fazer grandes cquestionamentos.
É desanimador. Andar pelo centro da cidade e ver aquelas pessoas que ganham seiscentos reais por mês; que só conseguem conversar sobre futebol e nada mais profundo, incapazes de compreender e debater sobre o que acontece no país e por consequência em suas vidas. Sabem que tem algo errado, mas não sabem exatamente o que. O pior é que essas pessoas são a maioria que pagam o pato por essa politica perversa de juros altos guiadas pelos políticos brasileiros e dirigentes do Banco Central. São eles que não têm saúde, educação, perspectivas, não têm coisa alguma além do carnê das casas Bahia para pagar no final do mês e as dificuldades do dia-a-dia.
Tão pouco é do interesse dos “comandantes” dessa política econômica que o povo seja capaz de entender e questionar algo. Essa elite prefere mantê-los na ignorância e ameaçá-los com o terrível medo da volta da inflação que irá corroer seus pobres salários, deixando-os na miséria absoluta.
Outro dia, li um comentário num post falava sobre a inflação atual no Brasil, onde o comentarista dizia o seguinte: “Essa inflação descontrolada, daqui a pouco vou ter que correr de banco em banco para ver quem paga a melhor taxa de over night” Vontade de mandar o cidadão acordar para a vida, como algum ser humano pode pensar assim?
Acredito que a visão de política econômica dominante, que beneficia apenas uma elite de rentistas, deveria ser alterada. O debate público precisa ser estimulado. A combinação de juros altos e câmbio valorizado não é a única maneira se combater a inflação. Porém, não é fácil alterar esse cenário.
O povo em geral é excluído do debate e mesmo quando é inserido carece de conhecimentos para questionar o andamento das decisões econômicas. A classe média sempre prejudicada por esse tipo de política, é uma das primeiras a apoiá-la. A classe média é a classe que almeja ser rica um dia, logo são incapazes de apoiar uma medida que vá contra os interesses da elite. A elite, classe alta, é cega, desprovida de ética e da capacidade de enxergar a miséria, dor e sofrimento que causam para o resto da população.
A política de controle inflacionário via taxa de juros sai caro para o desenvolvimento nacional e é altamente concentradora de renda. Em 2010 foram gastos R$ 195 bilhões com o pagamento de juros, sendo que cerca de 20 mil clãs familiares (grupos compostos por 50 membros de uma mesma família) apropriam-se de 70% dos juros que o governo paga aos detentores de títulos da dívida pública. O Bolsa Família, no mesmo ano gastou pouco mais de R$ 12 bilhões, que foram distribuídos entre 13 milhões de famílias. A política monetária brasileira é perversa, uma política que faz sangrar o país
Os economistas precisam abrir as suas mentes, debater sobre desenvolvimento econômico, distribuição da riqueza gerada, investimento sociais, produtivos e não falar apenas sobre a meta de inflação, como se esta fosse o único problema econômico brasileiro. Mas, como li uma vez, alguns economista são tão ruins para a sociedade que deveriam ser enforcados pelo saco.
Abraços
Frederico Matias Bacic